Mas antes é preciso passar por longos anos de muito estudo.
Fernando Soares/Petrobras
Marcílio no Centro de Pesquisas da Petrobras (Foto: Fernando Soares/Petrobras)
Ele conta que entrar na faculdade é fácil; mas sair é que “são elas”. Mas, para quem está disposto a enfrentar a carga pesada de química, física e matemática, o mercado tem suas recompensas. Leia a entrevista.
Por que o senhor escolheu a engenharia química?
Marcílio Mariano de Carvalho - Por vocação, mas confesso que não sei o porquê. Sempre quis ser engenheiro químico, mas não sabia como era a profissão. Minha família é de classe média baixa, meu pai era eletricista. Então, não foi por indicação da família. Tinha um interesse por química e engenharia seria o ápice. Sempre estudei em escola pública, e ficava olhando o livro de química dos mais velhos. Daí pensava: “Ano que vem vou estudar essa matéria”.
Como o senhor entrou na engenharia química? E na Petrobras?
Marcílio - Fui fazer escola técnica federal de química no Rio. Na escola técnica, fiz estágio de técnico químico e gostei muito. Passei no vestibular na UFRJ e tinha a opção de trabalhar como técnico convidado na Petrobras. Mas, na época, deixei para fazer a faculdade. No segundo semestre, consegui um emprego de técnico químico em meio expediente, o que ajudou com as despesas de livros, transporte, alimentação para fazer a faculdade. Daí, depois da formatura, na semana seguinte comecei na Petrobras.
Como foi o início da carreira na Petrobras?
Marcílio - Fiz um ano de especialização em engenharia de processamento. Depois, escolhi ir para a refinaria. Queria conhecer mais a fundo como é o processo de na refinaria de petróleo. Fiquei 15 anos lá em refinaria, em diversas áreas, mas geralmente voltado para produção e refino. Há quatro anos e meio, recebi um convite para gerenciar plantas-piloto, que são unidades dez mil vezes menores, com investimento muito grande nas pesquisas, antes do processo chegar à escala industrial.
O que o senhor faz na Petrobras e qual foi seu trabalho com maior sucesso?
Marcílio – Gerencio uma equipe. Um pesquisador tem uma idéia e um grupo grande ajuda a pôr em prática. O que teve mais repercussão no Centro de Pesquisa foi um processo para a produção de biodiesel a partir do óleo vegetal, passando por processo de hidrotratamento, chamado de H-Bio.
Como está o mercado para o engenheiro químico?
Marcílio - Comecei na engenharia química, na década de 1980, a chamada década perdida. Eu estava bem empregado, mas teve um monte de empresas que fecharam. Hoje em dia, estamos em situação inversa: o mercado está superaquecido, precisando de gente. Faltam pessoas. E espero que esse superaquecimento continue assim.
Qual é o perfil que o engenheiro químico deve ter?
Marcílio – Recomendo que o estudante faça engenharia química por vocação. Se for só por mercado, não vale a pena. É uma profissão altamente demandadora de estudo, principalmente para se formar. É um curso muito pesado, difícil de fazer. Entrar na faculdade não é difícil; sair também não. Mas sair formado é que “são elas”. O prazer que tive depois de formado de poder ir para a praia e ler um jornal foi enorme. Uma época eu morava perto da praia, mas não podia ir porque tinha de estudar.
O senhor fez muitas especializações?
Marcílio – Tenho MBA em gestão empresarial. Há dez anos que estou na área de gerência na química. Gerencio 12 engenheiros químicos e 150 pessoas, ao todo.
Qual foi o maior desafio na sua carreira?
Marcílio – O maior desafio é gerenciar pessoas e os talentos. Como sempre gostei do que fazia, nunca reparei em nenhuma questão técnica em especial.
O senhor se considera satisfeito com a carreira? E financeiramente?
Marcílio - Sou muito satisfeito. Meu esforço por ter entrado na Petrobras valeu a pena. Aqui é minha segunda casa e meus amigos são a minha segunda família. Contribuir para a empresa é contribuir para o Brasil. O salário sempre pode ser melhor, mas é bom sim. Fora a estabilidade que nós temos e a qualidade de vida, que é muito boa.
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